Minha Jornada nas Artes Liberais: O Caminho para a Verdade

O Começo

Alguns meses atrás, despertei com uma inquietação: meu intelecto estava vazio. Sentia uma necessidade urgente de adquirir conhecimento, como se esse fosse o propósito que eu deveria abraçar. Mas como exercitar o pensamento de maneira eficaz? Foi nessa busca que me deparei com as Sete Artes Liberais. Elas trouxeram uma clareza que até então me faltava, e logo percebi que precisava estudá-las.

Mas por onde começar? A resposta estava no Trivium, especificamente pela Gramática. Iniciei minha busca e encontrei Trivium, de Santo Agostinho. No entanto, logo percebi que sua abordagem focava na gramática do latim, o que me impediu de compreendê-lo de imediato. Foi então que compreendi: antes de avançar, eu precisava aprender latim.

Uma Comunidade de Estudiosos

Durante essa jornada, descobri a Academia do Lucca Almeida, uma comunidade de estudantes que seguem o método socrático e se dedicam ao estudo das Sete Artes Liberais. Fascinado, entrei no grupo e logo participei de aulas de latim, inglês e de um clube do livro, entre outras atividades. Essa experiência não apenas ampliou meu horizonte intelectual, mas também me deu motivação para seguir adiante.

Aprendendo a Ler de Verdade

Decidi iniciar minha participação no clube do livro, começando por Apologia de Sócrates, seguido de A Morte de Ivan Ilitch e, atualmente, Memórias Póstumas de Brás Cubas. No entanto, percebi que tinha dificuldades em compreender a essência das obras. Foi então que decidi aprimorar minha forma de leitura.

Me recomendaram Como Ler Livros, de Mortimer Adler, mas, sem encontrar uma edição física disponível, optei por Como Educar Sua Mente, de Susan Wise Bauer. Esse livro aborda a leitura com base no Trivium — Gramática, Lógica e Retórica — e ensina técnicas práticas para aplicá-lo.

O Método Trivium para a Leitura

A abordagem consiste em três etapas:

  1. Gramática – Na primeira leitura, o foco deve estar na estrutura do texto: marcar trechos importantes e identificar partes de difícil compreensão. Aqui surgem perguntas como: O que o autor quis transmitir? Qual o tema central da obra?
  2. Lógica – Após compreender o básico, é necessário analisar o raciocínio do autor: Os conceitos foram aplicados corretamente? As ideias fazem sentido? Há contradições?
  3. Retórica – Por fim, o mais importante: Como essa leitura pode impactar minha vida? O que posso extrair dessa obra?

A Jornada Continua

Aplicando esse método, retornei à leitura de Memórias Póstumas. Agora, consigo perceber nuances e camadas que antes me escapavam, embora o livro ainda seja um desafio. Mas é exatamente isso que faz do estudo uma verdadeira aventura: cada resposta gera novas perguntas, cada descoberta leva a novos caminhos.

A vida intelectual é uma estrada longa e árdua, mas, como dizia Santo Agostinho:

“Ninguém pode atravessar o mar da vida se não tiver diante dos olhos o porto para onde deve dirigir-se.”

Que esse porto seja a verdade.